A verdade sobre o amor

Entre o amor que envelhece e o amor que floresce existe um tempo. Não é de certa maneira um tempo de estações, as quais se modificam como um círculo, que apesar da transformação não tece novidades.

Existe um tempo de desencontro onde alguém foi deixando de acenar as mãos aos poucos, como quem desliza suavemente sobe as lavandas do campo para sentir a sua a textura e logo mais adiante, vai esquecendo essa sensação.

Amor que envelhece é amor empoeirado nas gavetas da alma, uma gaveta onde muitas vezes não ousa se mexer, com medo de encontrar uma possível fagulha de fumaça nascendo.

Mas arrisco dizer que é impossível! O amor que envelheceu é o amor que perpetuou de uma maneira muito bonita ou não. Sendo assim, não a tempo para renascer ou para transmutar o que existe: é o que é, e o que foi. Poeiras não ganham vida, são ácaros, acúmulos de algo que não foi cuidado e se findou. E envelhece não porque está em desalinho com o tempo, pois o amor é conduzido por um tempo que ele mesmo talhou. É puído pela ociosidade de esquecer de rendar o enamoramento, pelo descaso com os detalhes, e pela falta de constância de aparar o que um dia foi fecundado. Sei também que o envelhecimento pode até significar que foi importante um dia, mas tudo que envelhece é algo que está à beira do fim, e amor que se consome para cessar, nunca foi amor. Foi uma adaptação daquilo que perfaz e não floresce.

Amor é expansão imutável, o florescimento da arvore que nunca encerra o fruto. Quanto mais se zela, mais se tem. O amor é auto nutritivo como o pomo que se emerge na essência da alma e nutre o espírito. É a estação contínua de um regar involuntário que molha as permanências mais profundas e as restaura. O amor que floresce é um amor que se conjuga todos os dias como a primeira vez, cada vez com mais supremacia. Amor é a da fonte da vida eterna, sem tempo ou confins, é a natureza de construir e admirar a obra que se renova, e que quanto mais deseja abraçasse mais demasiada fundisse.